Margarina – Um veneno disfarçado
Sabemos quanto o poder da mídia, da propaganda e da indústria podem conseguir, em busca do lucro. Produtos sem conta foram “criados” assim, e a população foi convencida a consumi-los, sem contemplação para com a saúde dela e as enfermidades que sejam o subproduto. Refrigerantes, cigarros, bebidas alcoólicas, açúcar, frituras, produtos com conservantes, corantes, gorduras…. a lista é, infelizmente, longa – do tamanho da ganância de uns e da inconsciência de outros.
Assim como esses produtos frequentam tranquilamente as prateleiras dos supermercados, ignorados por muitos médicos em seu papel sinistro dentro das patogenias humanas, há um vilão silencioso, lobo vestido de ovelha, que penetra nas casas e no metabolismo de milhões, distraídos e desinformados de sua verdadeira identidade: A MARGARINA.
COMO SURGIU A MARGARINA
“Deve ficar claro que a invenção da margarina não se deve à preocupação de encontrar um substituto mais saudável que a manteiga, e sim um mais barato que ela”. Napoleão III, por volta de 1869, lidava com grave crise econômica e escassez de alimentos na França. Instituiu então um prêmio para quem descobrisse um substituto mais barato para a manteiga, a fim de alimentar (adivinhe!) as classes pobres e os soldados. (sempre é assim). Ganhou o prêmio o químico Hippolyte Mege-Mouriés. Inicialmente, era um produto animal – uma mistura comprimida de gordura do sebo de vaca, leite desnatado, partes menos nobres do porco e da vaca e bicarbonato de soda.
COMO É FEITA
Os componentes da margarina têm se modificado com o passar do tempo, baseando-se hoje em extratos oleoginosos vegetais. Seu processo atual inclui o uso de solventes de petróleo (geralmente o hexano, que é bem barato), ácido fosfórico, soda, que resulta numa substância marrom e mal cheirosa, que sofre novo tratamento com ácidos clorídrico ou sulfúrico, altas temperaturas e catalisação com níquel, que deixa o produto parcialmente hidrogenado. O óleo vegetal se transforma numa pasta semissólida. Resta então um produto de ótimo prazo de conservação, com textura firme mesmo a temperatura ambiente, que não rança, não pega fungos, não é atacado por insetos ou roedores. Enfim, é um não-alimento.
O processo todo acaba por formar uma substância rica em um tipo particular de gordura chamado “trans”, que não existe na natureza e de efeitos nocivos para o homem. Quase todas as margarinas consumidas no mundo são obtidas por meio dessas reações de hidrogenação. É por isso que as margarinas são conhecidas como gorduras hidrogenadas.
JÁ DENUNCIADO, MAS QUEM SE IMPORTA?
O Estado de São Paulo já noticiou em 14/11/99, que a gordura da margarina causaria mais danos à saúde que a gordura saturada (segundo o FDA americano). Em uma revista Exame, também de 99, saiu um artigo alertando sobre os perigos deste produto, e das implicações que as multinacionais americanas estavam sofrendo por colocar no mercado produtos comparáveis ao cigarro em termos de periculosidade! (Mas que gera mais de 8 bilhões de dólares). Curioso é que a repercussão no Brasil é escassa.
Há uma farta literatura para quem quiser se informar, em revistas de saúde e na Internet, produzida por estudiosos sérios e sem compromisso com os laboratórios e indústrias químicas alimentares. Na França, uma revista – L’Ere Nouvelle – ganhou uma ação contra o sindicato dos produtores de margarina, que a havia processado por publicar o artigo “A margarina e o Câncer”.
Resumidamente, a margarina pode estar relacionado a disfunções imunológicas, danos em fígado, pulmão, órgãos reprodutivos, distúrbios digestivos, diminuição na capacidade de aprendizado e crescimento, problemas de peso, aumento no risco de câncer, e principalmente: transtornos do metabolismo do colesterol, incremento de arteriosclerose e doenças cardíacas. A margarina promove o que ela se propõe tratar”
UMA OPINIÃO MÉDICA
Como a margarina e a gordura trans
podem prejudicar sua saúde
Dr. Alexandre Feldman
Os óleos e gorduras hidrogenados não existem na natureza. São produtos da indústria de alimentos. Após sofrerem um bombeamento de hidrogênio sob alta pressão e temperatura, óleos e gorduras naturais têm a estrutura modificada, e passam a receber o nome de trans.
A indústria alimentícia adora as gorduras trans. É que os alimentos à base dessas gorduras possuem um prazo de validade muito maior. Elas se são o ingrediente principal da maioria das margarinas e também entram na composição de inúmeros alimentos industrializados.
Mas no nosso organismo, as gorduras trans são incorporadas nas membranas celulares, provocando alterações nessas estruturas delicadíssimas. Além disso, elas adentram as vias metabólicas das gorduras normais, perturbando a função do organismo como um todo.
INFLAMAÇÕES & DORES
Muitas funções essenciais do nosso organismo dependem de certas substâncias que controlam os processos inflamatórios e recebem o nome de prostaglandinas. Existem prostaglandinas pró-inflamatórias e antiinflamatórias. Num indivíduo normal, existe um constante equilíbrio entre elas, de modo que a inflamação possa se manifestar apenas quando necessário para a defesa do organismo. A ingestão de gorduras trans provoca um aumento na ação das prostaglandinas pró-inflamatórias. Tal alteração pode resultar em uma facilidade muito maior para desenvolver toda sorte de estados inflamatórios, cólicas menstruais, dores nas juntas, nas costas e, claro, dores de cabeça e enxaquecas.
BAGUNÇA NA INSULINA = PÉSSIMAS CONSEQUÊNCIAS
Estudos demonstram, que a ingestão de gorduras hidrogenadas causa uma diminuição na capacidade das células em reagir com a insulina. Essa resistência à insulina resulta num aumento da concentração desta substância no sangue. Isso gera, no cérebro, um desequilíbrio nos níveis de serotonina, cuja consequência é a enxaqueca, a depressão, a ansiedade e o pânico.
COLESTEROL, IMUNIDADE, ENVELHECIMENTO… ETC
Como se não bastasse, a margarina e as gorduras hidrogenadas trans podem elevar o colesterol ruim (LDL), baixar o colesterol bom (HDL), aumentar os níveis de uma substância geradora de doenças arteriais denominada lipoproteína, diminuir o volume e o poder nutritivo do leite materno, prejudicar a resposta imunológica, diminuir os níveis de testosterona em animais, inibir a ação de enzimas necessárias ao bom funcionamento das membranas celulares, e prejudicar a incorporação de importantes óleos ômega-3 pelo organismo.
DE ONDE VÊM SUAS DORES
Existem, hoje, milhões de pessoas consumindo, regularmente, gorduras hidrogenadas, sofrendo os efeitos colaterais destes produtos, e simplesmente mascarando os seus sintomas com remédios, ao invés de realizarem mudanças básicas na alimentação. Em todos os pacientes que procuram minha clínica com sintomas de dores crônicas de cabeça e uso de analgésicos e antiinflamatórios, uma grande parte obtém melhora significativa quando, através de mudanças alimentares, eu corrijo desequilíbrios na composição de óleos e gorduras no seu organismo, causados, em grande parte, pelo consumo de margarina, gorduras hidrogenadas e óleos e gorduras trans.
Muitas pessoas obtiveram grandes melhoras de quadros como enxaqueca, dores nas costas, cólicas menstruais e artrite, após a retirada total de gorduras e óleos trans da dieta. Algumas destas pessoas já achavam que suas dores eram normais! Mas a verdade é que não existem dores de cabeça normais, nem cólicas menstruais normais e muito menos artrites normais. Fique de olho, pois muita gente simplesmente pensa que ter dor é normal, é simplesmente consequência do stress, da idade, ou da falta de algum remédio.
Como conseguir isso? Leia os rótulos! Todos! Leia-os como se a sua vida dependesse deles. Na verdade, ela depende mesmo!
No início, você pode levar um susto: a sua primeira impressão poderá ser de que tudo contém gordura hidrogenada. Sinal que você está comendo errado faz tempo! Você poderá encontrar gordura hidrogenada em rótulos de margarinas, batatinhas chips, bolachas, biscoitos, bombons, bolos, pipocas de cinema e em quase todos os lanches da sua lanchonete favorita.
Infelizmente, os interesses da indústria alimentícia resultaram em uma grande desinformação sobre as gorduras que ingerimos. Na prática, a maior parte da classe médica, da grande mídia e da população em geral não tem conhecimento do grande número de pesquisas apontando para os efeitos adversos das margarinas e gorduras hidrogenadas. É de arrepiar os cabelos que, com tantas informações científicas à disposição, a maioria dos médicos e nutricionistas ainda considera a margarina como sendo um alimento saudável, e recomenda o uso deste ingrediente no lugar da manteiga para tentar prevenir ou melhorar as doenças do coração de seus pacientes. O fato científico indiscutível e consumado é que as gorduras trans aumentam o risco cardíaco muito mais que as gorduras naturais na dieta.
Por essas e por outras, defenda a sua saúde evitando, o quanto mais, que a margarina e todas as outras gorduras hidrogenadas invadam o seu corpo.
Dr. Alexandre Feldman
Médico clínico-geral, autor de vários livros, criador dos sites MedicinaDoEstiloDeVida.com.br e Enxaqueca.com.br, palestrante, criador do termo “Medicina do Estilo de Vida”, para designar a vertente da medicina que prioriza mudanças de hábito e estilo de vida para a prevenção e recuperação de doenças.