Assim como os essênios vieram dar suporte à descida de Jesus, atlantes ancestrais e africanos místicos argamassaram a espiritualidade do povo brasileiro, além de outros casos da História, a preparação para o advento do espiritismo nas terras da antiga Gália foi precedido pelos alicerces espirituais de um povo – os celtas – que se destacou na antiguidade por suas crenças.
Os celtas se diversificavam dos povos europeus por sua religião – a que hoje chamamos o druidismo (druidas eram seus sacerdotes). A base de sua vida e sociedade era uma crença robusta e inalterável na sobrevivência do espírito, na vida após a morte, na reencarnação e na comunicação com o mundo invisível (está parecendo igual a alguma doutrina que vocês conhecem? Não por acaso).
O DEUS ÚNICO
As Triades, versos que sintetizam toda a doutrina celta, começam dizendo:
“1ª – Há três unidades primitivas, e de cada qual só pode haver uma única: um Deus; uma verdade; um ponto de liberdade…” . É bem certo que os druidas ensinavam a existência de um único Ser Supremo; os vários “deuses” eram representações populares de forças da natureza ou de espíritos familiares dos clãs.
A VELHA SABEDORIA OCULTA
Como a verdade é uma só, os celtas só conservavam o conhecimento das Grandes Leis eternas, certamente herdadas de suas origens atlantes.
Diz-nos Leon Dénis, em O Gênio Celta e o Mundo Invisível:
“Uma das características da filosofia celta era o desconhecimento da morte. A Gália era objeto de espanto para os povos pagãos, os quais não tinham no mesmo grau o conhecimento da imortalidade. Nossos antepassados, não temendo a morte, certos de reviver além do túmulo, eram livres de qualquer receio”. Convictos da imortalidade, eles iam para as batalhas como para uma festa, sem temer a morte – daí sua lendária bravura nos combates.
“Em nenhuma crença se encontra um sentimento tão intenso do invisível e da solidariedade que une o mundo dos vivos e o dos espíritos”, afirma Denis. “Todos os que deixavam o mundo levavam mensagens destinadas aos mortos. A comunicação entre os dois mundos era algo corrente”.
As druidesas eram grandes médiuns através das quais se processava o intercâmbio com o Invisível.
A essência do druidismo era a crença na evolução das almas, que progrediam desde os reinos inferiores da natureza, chamados de Annoufn, até as alturas felizes dos planos superiores, chamados de Gwynfyd. Isso acontecia através das vidas sucessivas, a reencarnação. Cada alma era responsável por seu progresso e seus atos (lei do carma).
PRECURSORES
As velhas crenças celtas e sua energia oculta ficaram impregnadas no plano invisível da Gália – depois França. Um lastro imponderável que precedeu o advento do Espiritismo.
Foi de caso pensado que os espíritos sugeriram ao prof. Rivail que adotasse o pseudônimo de Allan Kardec: era o seu nome da vida anterior em que, como Druida Máximo, era a autoridade suprema entre os gauleses (celtas). Trazia, essa nome, toda a energia e proteção mágica daquela vivência espiritual, abria um canal para as velhas e eternas crenças da Sabedoria Eterna que o Espiritismo só fez organizar e revestir de uma expressão contemporânea. A energia oculta acumulada nos rituais puros dos druidas, em meio ao grande templo da natureza – o único que admitiam digno do Ser Supremo – não tinha desaparecido, e certamente proporcionou apoio e proteção energética ao Grande Codificador.
É pena que os espíritas esqueçam de integrar essa vida magnífica da Kardec (junto com suas encarnações anteriores nos templos de todas as latitudes) nos alicerces invisíveis da doutrina. Podemos visualizar o seu porte austero e iniciático, no manto branco dos druidas, oficiando os ritos sagrados sob os carvalhos das florestas da Gália – e quem sabe esse nome, Allan Kardec, não era uma chave oculta que fizesse evocá-lo, não só aos velhos companheiros de druidismo (como foram os colaboradores iniciais de Kardec e da doutrina nascente) como também, quem sabe, aos adversários da Luz do plano invisível, que recuariam intimidados com as magias da sombra que gostariam de endereçar à nova doutrina, diante do vulto iniciático do Druida Maior – um iniciado e um mago da Luz, queiram ou não admiti-lo os ortodoxos.